A Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento faz parte da Confederação dos Mosteiros Beneditinos, cujo centro simbólico é a Abadia de Santo Anselmo, em Roma e seu Abade Primate. Entretanto, cada congregação preserva completa autonomia vivenciada na comunhão das diferentes tradições monásticas. A Regra de São Bento é a fonte de inspiração da tradição camaldolense, enriquecida por São Romualdo com elementos da tradição do antigo monaquismo do oriente médio, como, por exemplo, a recuperação da vida eremítica para os monges, vivida em pequenas comunidades nos eremitérios.
O monarquismo camaldolense feminino e as suas origens
As monjas ocupam uma bela página na história do monaquismo Camaldolense. Já nos primeiros tempos da congregação, São Romualdo teve como seguidores também mulheres. Levado por seu zelo apostólico teve como único escopo ganhar todos e todas para Cristo. Ele não se retirou da sociedade para fugir, mas por um fim muito mais nobre e elevado, como prova a sua obra ativa e fecunda desenvolvida durante toda sua vida, e o bem espiritual que representou para as pessoas de seu tempo.
São Romualdo fundou pessoalmente mosteiros para monjas mesmo sofrendo forte resistência por parte de seus discípulos, O beato Rodolfo, prior de Camaldoli, querendo, também nisto, imitar seu mestre , tornou-se um prodígio em guiar as mulheres de seu tempo à vida de santidade.
No passado, um certo número de mosteiros camaldolense eram mistos, com mosteiros contíguos, como hoje podemos encontrar aqui no Brasil. Monges e monjas, mantendo recíproca independência, constituem uma “comunidade irmã” na qual compartilham em fraternidade, orações; lectio divina comunitária e refeições de confraternização.
A Congregação Camaldolenses no Brasil
O bispo de Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo, D. Emílio Pignoli, que teve a iniciativa de pedir a Congregação Camaldolense que trouxesse a vida monástica para a sua diocese. Este desejo já havia começado a se realizar com a presença do monge Pierantoni em sua diocese, como reitor do santuário de Bom Jesus no final do ano de 1979. A Congregação Camaldolenses aceitou o convite. E, em 1983 – 1984 chegaram os primeiros monges para cuidarem dos preparativos. Em 1987 iniciaram os trabalhos de constituição da nova unidade.
Logo em seguida o convite foi estendido às monjas, através do Mosteiro de Santo Antão Abade em Roma. Assim como os monges, a madre abadessa Ildegarde Ghinassi e suas coirmãs aceitaram o convite, apesar de não ter sido possível realizá-lo ao mesmo tempo que o mosteiro masculino. Pouco tempo depois, D. Paulo Mascarenhas Roxo assumiu o bispado da diocese e reiterou o convite, que foi aceito com muita alegria.
A própria madre Ildegarde veio ao Brasil para a escolha e compra do terreno, considerou oportuno envolver também os outros mosteiros camaldolenses femininos espalhados pelo mundo para a composição da nova comunidade. Foi assim que, no dia 18 de dezembro de 1992, partiram de Roma rumo ao Brasil as irmãs Paula Borelli, do Priorato de Contra “Emmaus”(Itália), Maria Mhegele do mosteiro de Mafinga (Tanzânia) e no início de 1993 irmã Maura Aglioni do Mosteiro de Santo Antão Abade.
No ano de 1995 o Mosteiro ficou pronto e recebeu a benção solene. Em 1996, juntaram-se ao grupo as irmãs Paola Rizzi do mosteiro de São Maglorio de Faenza(Itália) e a irmã Donata Likiliwike do Mosteiro da Mafinga (Tanzânia) . E, finalmente 2002 chega mais uma irmã tanzâniana do mosteiro de Minga, ir. Christina Chulla.
Hoje a pequena semente lançada com amor, dedicação, sacrifício e fidelidade de tantas irmãs camaldolenses e de toda congregação, dá seus frutos, com o ingresso de novas vocacionadas que iniciaram sua caminhada espiritual.
Monges e monjas, na recíproca independência, constituem uma “comunidade gêmea”.